quinta-feira, 15 de julho de 2010

VERÃO


Quero deixar esse inverno pra trás
Abrir a janela de minha alma e deixar o sol entrar
Achar graça nas mínimas coisas
E de felicidade me empanturrar

Como disse o poeta “a vida, é bonita, é bonita”
Chega de tristeza, lágrimas e sofrimento
Vou é rolar no tapete com meu filho
Dar um beijo estalado na minha mulher

Encontrar com os amigos e jogar conversa fora
Tocar rock and roll sem pressa de ir embora
Curtir a minha casa, ler um bom livro
Dar banho no cachorro, colocar pra fora o lixo

Essa não é uma poesia pretensiosa
Onde se escolhem as palavras, rimas ou prosa
É apenas um desabafo e um primeiro passo
Para que acabe logo esse inverno e o sol brilhe em minha alma.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Querido Carlos

Agora que passou o impacto da notícia de tua viagem é que me sentei em frente ao computador para escrever para você.Como não sou de chorar fica tudo guardado querendo explodir o peito e a única maneira de desabafar é conversando um pouco contigo aliás conversar foi o que mais fizemos durante parte de minha vida e da tua.
A primeira e mais remota lembrança que tenho de ti é de quando te olhava tocando violão junto com Aprizídio lá naqueles verões inesquecíveis de minha infância em Tamandaré, toda a família reunida, minha mãe e minhas tias cantando enquanto você dedilhava acordes perfeitos e cantava músicas de Tom, Chico, Caetano e tantos outros e que ficariam marcadas indelevelmente em minha vida para sempre, talvez tenha sido ali que o menino Tuca tenha despertado para a música, ou terá sido enquanto escutava aquela fita cassete dentro de tua Brasília estacionada no quintal?,Foi ali que você me apresentou ao Rock and roll, entre um Buddy Holly, Elvis e Everly Brothers ou até mesmo o nonsense do banana boat.Aliás você não faz idéia do quanto me ensinou e apontou os caminhos naquelas nossas longas conversas através da madrugada onde indubitavelmente víamos o sol nascer da varanda.Lembro das tardes lindas de um Recife ainda não tão poluído e nem tão violento em que ia caminhando pra tua casa com meu violãozinho em baixo do braço, lá na tua casa o mundo se abria em uma tela enorme de possibilidades e sonhos e você com tua paciência me conduzia pelos caminhos intrincados da arte de tocar um instrumento, e eu voltava pra casa com a certeza de que cada vez mais eu não queria sair desse caminho e que minha vida e meu destino estava definitivamente traçado.Como se não bastasse isso você me mostrava tanta coisa linda, foi lá que ouvi pela primeira vez uma música de Milton e Pat Metheny chamada “vidro e corte”, e como esquecer do impacto que teve sobre mim a audição de Years of solitude do Piazzola e do Gerry Mulligan ?, aliás foi com você que aprendi a amar a música de Antônio Carlos Jobim lembra ? Ah! Mas o Rock and roll é que me pegou na veia, Depois da fase “anos 50” você me mostrara o moody blues, Cat Stevens, Uriah Heep e tanta coisa que seria impossível colocar aqui.
Fui crescendo e seguindo meu caminho enquanto você ia ficando cada vez mais longe porém sempre que nos encontrávamos era aquela festa e voltávamos a dar as velhas risadas e a conversar sobre, música, futuro, presente e passado que aliás era uma das nossos papos mais freqüentes vinha a tona, será que um dia o homem vai construir uma máquina do tempo ? você dizia que sim e me explicava por A + B o porque.Você adorava viver e sempre soube que a morte era só uma viagem para outra dimensão , aliás tinha certeza disso e me dizia que não havia lógica que tudo se acabasse aqui, a última vez que te vi você tava feliz pra caramba, viu sua filha casar e finalmente depois de tantas incertezas de ordem financeira e “mundanas”parecia ter encontrado sossego, falava até em vir morar em Surubim!
Não deu tempo amigo, você se foi antes para aquele lugar que dizia ser mais um estágio da evolução. Agora você reencontrou teu pai, tua mãe e quem sabe tá tocando “Dindi” para que minha mãe cante, aliás vocês sempre arrasavam nessa!!!
Fica em paz meu amigo, professor e segundo pai.
Seu segundo filho
Tuca

domingo, 11 de abril de 2010

Acalanto para Gabriel


“os anjos não avisam quando vão chegar,
eles simplesmente aparecem”

Acorda Gabriel e vem ver o sol nascer
ver a vida despertar nesse lindo amanhecer
já estou contando as horas
Para ver você crescer, pra te colocar no colo
e te ver adormecer

Cantar pra você uma canção
Que fale de amor e esperança
E que diga que a vida é um sonho lindo de se viver

Olhar nos teus olhos e descobrir
a criança que já não existe em mim
agora sorrindo, chorando e brincando com você

A vida vai ser doce como mel
quando olharmos para o céu
Eu, você e Gabriel (Gabriel is in my heart, is in my eyes)

O amor quando é puro ele é pra sempre Teremos a vida inteira pela frente
Tuca, Lú e Gabriel (there are places I’ll remember all my life)

A vida vai ser doce como mel quando olharmos para o céu
eu, você e Gabriel (beautiful, beautiful, beautiful, beautiful boy)

O amor quando é puro ele é pra sempre
teremos a vida inteira pela frente
Tuca, Lú e Gabriel

E quando a noite cai olho pro céu,
Peço a Deus pra abençoar
a vida de Gabriel

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Vasculhando o baú do passado encontrei esses dois poemas escritos pelo meu pai , conservei o original , batido a máquina.


Para você M..................

Sombra errante

Sem que saibas, de longe vou seguindo
Teu vulto na esperança de abrandar
Esta saudade o meu tormento infindo
Que nasceu na loucura de te amar

Se deste afeto agora vens fugindo
E se agora me negas teu olhar
Por que no amor, que já sabias findo
Outrora me fizeste acreditar?

Por quê?Se esta amargura de pediste
Iria acompanhar-me todo instante
Que ainda tivesse de passar sem ver-te

Por quê? se o mais cruel pesar constante
Seria internamente em vão querer-te
E teu vulto seguir qual sombra errante?
Por que não és como a saudade?


Sinto, na minha vida merencória
Uma saudade dúlcida envolvente
De alguém que ainda trago na memória
Que vem do passado ao meu presente

Alguém que me foi tudo: minha glória,
Meu sonho bom, meu céu, meu sol nascente:
Toda a minha alegria transitória
Toda a minha tristeza permanente

Não me abandona esta saudade antiga
Dia e noite em meu peito permanece
Cada instante que passa, mais amiga

Amor que me recusa e que me invade
Por que não pensas em quem não te esquece,
Por quenão és assim como a saudade ?

Arthur.

sábado, 3 de abril de 2010


A CASA

Vocês souberam? Eles vão demolir a casa,
Vão enterrar com ela todos os sonhos,
Alegrias e tristezas que um dia ali habitaram.
Agora só ouviremos os fantasmas de um tempo que não mais voltará

Os risos, a música, as crianças correndo pelo jardim
As conversas varando as madrugada que pareciam sem fim
“menino, cuidado com essa bola nas plantas.” Era minha vó Nina que gritava
“Arthurzinho a comida tá na mesa” era minha mãe que falava

Meu avô Alonso com suas sandálias arrastando
As festas de Natal e ano novo e os violões tocando,
A arvore de natal e a lapinha, os quebra-panelas, o cheiro da pamonha de D. Nina
O são João com a fogueira queimando em plena festa junina.

Vozes e sorrisos por toda eternidade ecoarão
E viverão para sempre dentro de meu coração
No lugar, outro posto de gasolina para modernizar a “Chã”
Tudo em nome do progresso, afinal todos se rendem ao “pouvoir de l'argent”

Um dia já bem velhinho em companhia de meu neto
Que por um instante naquele posto decide parar
Pela janela do carro parado ficarei a contemplar
E com a voz embargada e tristeza no olhar
Direi ao frentista que insiste em me fitar,

Tá vendo esse posto meu filho,
Aqui um dia havia uma casa
Aqui eu fui muito feliz,
Aqui mesmo nesse lugar.

domingo, 28 de março de 2010

D. NINA

E se foi Dona Nina
Com toda sua alegria, sabedoria e generosidade,
Com ela também se foi um pouco de minha vida e felicidade
Minha inocência dos meus tempos de menino


Sem ela a casa ficou mais triste e sem porque,
No more the smell of her food neither sua alegria de viver
Com ela se foram os meus melhores anos
Quando não havia sequer pressa de crescer


O abraço gostoso e aquele cheiro meu
A voz delicada e um abraço que nunca era de adeus
Os passos firmes e o barulho de seus chinelos gastos
Anunciando sua chegada que a mim sempre confortava


Ainda lembro-me da última vez
Mão agarrada a minha, desta vez era eu que a ninava
Como ela muitas vezes fez nas noites febris de minha vida
Eu queria encontrar uma saída, mas era hora de apenas aceitar o óbvio


“-Já vou embora mãe”, disse eu,
Sabendo que era ela que estava indo
-“Gabriel lhe mandou um beijo ,
E ela – “brigado meu fi”
Obrigado a senhora, mãe.

Obrigado.