sábado, 3 de abril de 2010


A CASA

Vocês souberam? Eles vão demolir a casa,
Vão enterrar com ela todos os sonhos,
Alegrias e tristezas que um dia ali habitaram.
Agora só ouviremos os fantasmas de um tempo que não mais voltará

Os risos, a música, as crianças correndo pelo jardim
As conversas varando as madrugada que pareciam sem fim
“menino, cuidado com essa bola nas plantas.” Era minha vó Nina que gritava
“Arthurzinho a comida tá na mesa” era minha mãe que falava

Meu avô Alonso com suas sandálias arrastando
As festas de Natal e ano novo e os violões tocando,
A arvore de natal e a lapinha, os quebra-panelas, o cheiro da pamonha de D. Nina
O são João com a fogueira queimando em plena festa junina.

Vozes e sorrisos por toda eternidade ecoarão
E viverão para sempre dentro de meu coração
No lugar, outro posto de gasolina para modernizar a “Chã”
Tudo em nome do progresso, afinal todos se rendem ao “pouvoir de l'argent”

Um dia já bem velhinho em companhia de meu neto
Que por um instante naquele posto decide parar
Pela janela do carro parado ficarei a contemplar
E com a voz embargada e tristeza no olhar
Direi ao frentista que insiste em me fitar,

Tá vendo esse posto meu filho,
Aqui um dia havia uma casa
Aqui eu fui muito feliz,
Aqui mesmo nesse lugar.

2 comentários:

  1. Uma bela prosa dentro de um belo poema. Parabéns pelo talento!!
    Um abraço

    ResponderExcluir
  2. Ah, que poema lindo. Irei trabalhá-lo numa aula de Literatura com meus alunos do 5º Ano A do Marista Pio XII.
    Um abraço
    Aureliana Arruda

    ResponderExcluir